5 de nov. de 2009

Toma o meu veneno


Toma o meu veneno e bebe-o. Solta as vísceras podres desta nossa paixão doente e afoga-te no meu desespero. Morre uma morte lenta de dor e maldade e esvai-te numa poça de sangue negro que queimará o chão onde tombas inerte pelos dardos da minha guerra. Procuro-te e não te encontro, como não me encontro a mim neste novelo de amor maldito que de amor nada tem. Bebe do copo que te estendo, sabendo que te trago o fim dos teus males e dos meus. Traga a peçonha que me lanças, sufoca na teia do nosso abraço funesto e fina-te neste torturado amplexo de sombria danação eterna.

Não há porta de benzedeira a que não tenha batido, virei as cartas do mundo para me fazerem sentido, procurei-nos nos astros celestes e nas cavernas de Hades. Em vão corri à procura de nada, do nada que somos e que teimamos em ser, resvalando a cada passo para este abismo interminável como intermináveis são os dias de dor em que estamos juntos.

Cura-te com o meu veneno, bebe-o, come o copo e rasga as entranhas nos seus cacos aguçados para que possas renascer sem mim e me libertes de vez deste tormento infernal mascarado de amor.

21 de Agosto 2009

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