12 de out. de 2009

Vivia num prado verde

Vivia num prado verde e que se estendia entre duas montanhas de tamanho médio, altas o suficiente para que lhe apetecesse escalá-las aos fins de semana com botas apropriadas e uma mochila preparada com lanternas e lanches para o caminho. Cristalino de beleza e eterno verde, nem no Verão os pés caminhavam por outras cores que não fosse o verde molhado e cheio de vida daquele prado que não queria outras cores que não as das flores campestres que, por vezes, lhe iam fazer uma visita. Na Primavera, ao que parecia, e às vezes prolongando-se Verão fora, as flores chegavam e instalavam-se, confortáveis, a apanhar sol, a abrir e fechar pétalas ou a deixar-se ondular pela brisa que soprava.

Tinha tudo o que precisava: o verde do prado, as flores matizadas de todas as cores do arco-iris, o céu que via sempre azul mesmo quando trovejava, as núvens brancas que tomavam a forma de gatos e tartarugas e outros bichos que tais,  por vezes um anjo ou outro que espreitava lá de cima para ver se estava tudo bem no prado verde.

E as suas montanhas, todos os dias diferentes, acordavam a cada dia com um humor diferente e contavam-lhe histórias secretas de ursos dorminhocos e fadas que lá viviam.  Era um sonho bom, deixava-se estar na cama no prado verde pintalgado de flores apesar de ser Outono, e deitava-se sobre o orvalho e deixava as costas molharem-se na frescura da manhã olhando para o céu que via sempre azul e brilhante.

Bom dia, meu amor. Toma esta toalha e limpa as tuas costas molhadas para não te constipares, e leva as minhas flores contigo para que não murchem nunca.