30 de mai. de 2010

Invisível



Sou inútil. Não sirvo para nada. Sou um achado de conveniência com horas de utilização limitadas. Convenho, é isso. Por vezes, quando dá jeito. Submeto-me aos padrões alheios desejosa de agradar e quando dou por mim deixei de ser eu. Não tenho voz própria, não posso. Sou uma sombra do que era, a alegria deixou de me visitar todos os dias e já não entra na minha janela grande aos quadrados de vidro. Não sei para onde vou. Todos os dias tento pisar o caminho que me leva àquele lugar verde de paz e flores mas estas pedras pesadas e rugosas caem-me em cima, as pedras da negação, do medo de ir mais longe, já, agora.

Abandonou-me toda a urgência de felicidade aqui e agora. Ou mais tarde, um dia quem sabe. Os momentos de felicidade do pequeno prazer, da circunscrita alegria que constroem sabiamente a leveza dos dias passam por mim e não me veêm. Estou invisível. Sou-o. Não tenho sombra, nem paz, nem alma. Deixei de ser eu e já não me encontro na brisa do Verão nem no orvalho das manhãs.

Tomem-me como sou e extingam-me vez.