4 de nov. de 2009

Tenho-te na pele


Foto de Miguel Valle de Figueiredo

Tenho-te na pele. Acaricio-me e vejo-te tremer pois é a ti que toco quando me toco. Estás-me fundido no sangue que me transporta a luz e me alimenta as células, estás lá, alimento-me de ti, meu amor. Estou sentada nesta rocha por cima das falésias que espreitam o mar revolto da existência e não se mexem, tranquilas de conhecerem a agitação perene das ondas, sabendo que sempre será assim, e fundo-me nas rochas serenas, imutáveis na sua sabedoria. Atravesso o mundo para o outro lado e estás comigo, carne da minha carne, não há distâncias que nos separem e o mundo agitado que se banha nas ondas agitadas por baixo das falésias de rocha não nos consegue tocar com a sua ansiedade e tragédias e inconsequência. Com a tua mão na minha percorro desertos de areia onde o calor se evapora e cria névoas de distorção à frente dos meus olhos, mas atravesso-o segura de saber que consigo chegar ao outro lado, encontrando oásis de descanso pelo meio porque estás comigo e não me largas. Deitei fora os livros que me diziam que não existem amores assim e que a vida é para ser vivida um dia de cada vez: vivo-os todos de uma vez, os do passado e os do futuro, agora, vivo-os contigo, minha vida que me és tão para além da vida pequenina da existência cinzenta que recuso. Com a tua mão na minha vivo, assim, sempre.

Um comentário:

A Lusitânia disse...

Olá Cláudia, voltarei.