22 de out. de 2009

Nada mais


Foto de Miguel Valle de Figueiredo

Não havia nada para além daquele horizonte e o mal e o bem dissolviam-se naquela neblina doce que lhe enchia a alma e lhe tocava o ser. Perdida naquela estrada de um só caminho que não procurara nem vira nem achara, era só aquele horizonte que a engolia. Nada mais, nem antes nem depois, nada mais que aquela montanha doce de escarpar e coberta de sombras e mistérios e simplicidade e dor e prazer. Nada mais, apenas aquele horizonte indefinido e cheio de promessas, ladeado por prados amarelecidos pelo tempo e pela dor, aquele horizonte ao qual estava a chegar pisando a estrada em brasa que lhe queimava os pés e lhe feria a alma de alegria e gratidão.

Nada mais, nem antes nem depois.


21 de Julho de 2009.

Assim como eu gosto


Foto de Miguel Valle de Figueiredo

Não tens fundo. Melhor que um abismo de arrepios constantes, vejo-te e não te toco o fim com a luz dos meus olhos. Que me acendes todos os dias um pouco mais. Certeiro, sem o saberes, nos passos simples que dás a cada dia, e que me viajam para um lugar que desconheço mas antevejo luminoso e grande, sombrio e grande, deslumbrante e grande, grande como as avenidas rasgadas no meio de uma qualquer selva emaranhada e estranha, abafada de calor insuportável mas as avenidas que a rasgam levam-me ao outro lado sem perigos de mordeduras de serpentes venenosas nem ataques de feras pintalgadas de ocre e preto.

Não tens fundo e os meus olhos vêm-te mais a cada dia que passa e viram a esquina da tua alma sem conseguirem ver o fim, de grande que és, apenas como és, assim, como eu gosto.

Just the way you are. Thank you love.