10 de out. de 2009

Tapete Real


Era aquele campo pintalgado de todas as flores que existiam no mundo que se estendia à sua frente como um tapete real.



Desfolhava o ramo de rosas e desfolhava o caderno de encargos da vida nova em que se metera, tudo ao mesmo tempo. Uma pétala por encargo, e as rosas pareciam multiplicar-se a cada folha do caderno que preenchia em letra pequena e aprumada. Ter paciência. Praticar a bondade. Nunca perder as estribeiras. Esperar com um sorriso em cada esquina das horas. Não escrever palavras duras e sarcásticas, não ironizar e nunca, mas nunca deitar-se depois da meia-noite. Era mais ou menos isso e os lírios, contentes, esbranquiçavam as pétalas ainda mais e as dálias espreguiçavam-se à sombra fresca da noite para não murcharem e ganhavam pés de manhã para fugir ao sol estridente.

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