10 de out. de 2009

Estou à venda


Estou à venda. Preciso de trocar de alma e corpo e olho agora para um braço e dispenso-o por bom preço. Vendo-me por inteiro, ou por partes. O todo, certamente, será mais em conta, faço um preço especial para quem me levar da cabeça aos pés. Estou à espera, eternamente à espera, depois de conquistas, derrotas e batalhas longas no tempo, e não me vejo. Pelo que me vendo, agora, na esperança de conseguir seguir a cartilha dos dias do comprador e chegar, quem sabe, a uma meta qualquer. Chega-se à meta e depois? Os três primeiros lugares têm direito a medalhas e subida ao pódium, os restantes merecem menções honrosas pelo esforço mas não ficam para a história. Quero lá saber. Uma meta qualquer, pode ser vender carne ao quilo e acumular dinheiro no banco manchado de sangue dos vitelos e borregos, pernis de porco e bifes de peru. Se me comprarem por partes, talvez seja um talhante que me compre para me revender por um preço melhor. Talvez a golpes de faca afiada se me extingam da alma de vez os meus anseios por qualquer coisa indefinida mas que vi um dia nos romances de capa e espada, nas aventuras sem fim, viagens espaciais à velocidade da luz, super homens de poder infinito sobre o mal e que materializam gelados de caramelo na palma da mão quando está calor e preciso de um doce fresco.

Estou à venda, comprem-me e digam-me quem sou.

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